Descobrindo o segredo do sucesso
Na busca por explicações que pudessem embasar conselhos, procurei repassar minha vida
profissional em flashes - como o que
se diz acontecer no momento da morte e que, espero, demore muito a se repetir –,
contudo não consegui descobrir qualquer realização excepcional que, por sua vez, pudesse explicar minha ascensão na carreira (aquilo
que se convencionou chamar sucesso profissional). Teria sido apenas sorte? Ou
uma seqüência de coincidências felizes? Talvez, mas isso não resolvia o meu
problema, já que não me parece adequado aconselhar alguém a torcer por
coincidências ou dedicar-se com afinco à busca da boa sorte.
Como, olhando para a minha trajetória corporativa e para o meu comportamento profissional,
não identifiquei qualquer pista para solucionar o enigma do sucesso na
carreira, passei a procurar a resposta nos executivos de sucesso que
conheci, rememorando nossos contatos e tentando achar neles algum padrão de comportamento ou alguma habilidade que os diferenciasse. Talvez uma especialização em áreas do conhecimento lhes fosse comum e pudesse, por sua vez, esclarecer como o sucesso na carreira ocorre. Mais uma
vez me vi frustrado, e o enigma permaneceu. O que um profissional deve fazer para conseguir alcançar o topo da hierarquia de uma
grande empresa e lá permanecer?
Os seguidos fracassos na obtenção dessa resposta já estavam me levando a acreditar que a senilidade havia chegado – como, se ainda me sinto tão jovem? -, levando-me a esquecer de coisas importantes de um passado recente. Ou será que, na verdade, eu tinha sido um embuste muito bem engendrado, um enganador que levara a empresa a confiar em mim como um profissional
adequado ao cargo de executivo, sem o ser? Foi nessa hesitante e derradeira
meditação que um lampejo iluminou-me a mente e permitiu que eu vislumbrasse a ideia que desataria o nó. O lampejo! Não havia mais dúvidas. O que faz uma empresa escolher
este ou aquele profissional para comandá-la e que permite ao escolhido permanecer no cargo é... O lampejo! Deixe-me explicar melhor: a
resposta procurada não estava apenas em uma característica de
personalidade ou num comportamento isolado. Tampouco em algo visível, um atributo
palpável, mensurável. O que realmente dá a tranquilidade para uma empresa eleger o profissional que a liderará é reconhecer nesse alguém a condição de
satisfazer suas mais amplas e abrangentes expectativas, no presente e no futuro. Como sabemos, a mente corporativa é incapaz de manter arquivadas por muito tempo as
lembranças dos êxitos de seus empregados (o arquivo destinado aos fracassos tem uma capacidade de armazenamento muito maior), por isso não é de se esperar que uma empresa, tal qual um time de futebol, conceda a um jogador o direito de permanecer jogando apenas com
base em seus méritos passados, em objetivos atingidos. Embora as empresas não costumem dizer isso com todas as letras, não será o profissional que atingiu um objetivo
específico, concluiu um mandato ou realizou um projeto, o escolhido, mas aquele que se mostrar capaz de oferecer-lhes a possibilidade de satisfação contínua,
permanente.
E que expectativa abrangente seria essa, que as empresas alimentam acerca do executivo e cujo
atendimento é a chave do sucesso? Qual a principal necessidade imposta pela
administração de uma empresa, e que precisa ser satisfeita diuturnamente
por seus dirigentes? As respostas poderiam ser resumidas em uma única palavra:
luz. Ou lucidez, para
maior precisão. No fundo, toda empresa busca um dirigente lúcido, alguém que se mantenha sempre capaz de olhar de cima e enxergar - bird’s
eye view, no linguajar corporativo americanizado -, de açambarcar a floresta inteira e perceber cada uma de suas árvores, de
separar joio de trigo, de escolher caminhos adequados e de conduzir a empresa e as pessoas por eles.
Talvez, meus amigos, seja esta a explicação verdadeira: a lucidez, conquistada e
mantida, é a forma de se alcançar o topo do edifício corporativo e de lá
permanecer.
Sei que, às vezes,
credita-se à experiência ou ao nível de conhecimento, a escolha de um profissional para um cargo de comando, porém qualquer observação mais atenta - do tipo “causa
e efeito” - mostrará não ter sido o tempo de experiência, per se, a levá-lo ao topo, mas a lucidez conquistada pela experiência. Que não foram as habilidades, o conhecimento ou a formação acadêmica, a satisfazerem as condições exigidas pelo sucesso, mas a capacidade de manter-se lúcido para poder por em prática,
no momento e lugar adequados, as habilidades e os conhecimentos que trazia. Há também certa obviedade no pensamento comum de que, para permanecer conduzindo os destinos de uma grande
corporação, capacidade de liderança seja indispensável. Menos óbvio, porém, é
acreditar - como eu acredito - que ninguém será reconhecido como um líder verdadeiro se as pessoas à volta não o considerarem lúcido, alguém com capacidade
superior de visão e de entendimento.
É a lucidez que
abre a porta do sucesso profissional, meus amigos. A lucidez!
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